terça-feira, 15 de março de 2011

Sobrevivendo - Parte Três.

Terça pra Quarta-feira...

Que horas são?

Meu braço dói e minha cabeça está estourando! Onde eu estou? Sacos e mais sacos? Acho que cai sobre um monte de sacos de lixo... É, pelo cheiro é sim, lixo. Mas parece perfume perto do cheiro daquelas coisas. Devo ter deslocado alguma coisa, ou caido sobre o braço na queda.

Pelo meu relógio agora é meia-noite. Que coisa, Uma infestação de zumbis a meia-noite. Seria cômico se não fosse trágico.

Não entendo como essas coisas não sentiram meu cheiro ou algo assim, provavelmente o lixo me 'escondeu', é uma pilha bem grande de lixo pra falar a verdade. Posso me esconder por aqui sem problemas por algum tempo. Parando pra pensar, o céu está particularmente bonito hoje...

Levanto-me e vejo que cai exatamente numa ruela isolada por duas cercas. Talvez sorte. Mas não acredito muito nisso no momento.

Não vejo nenhuma daquelas coisas perambulando fora das grades, droga! Minha perna! Dói como se tivesse quebrado, mas, não há nenhuma lesão visível, nenhuma protuberância, o que há? Será que torci? Sento-me novamente nos sacos de lixo e vejo que não há nada de errado, talvez seja só uma torção leve mesmo, mas isso me impede de sair correndo ou qualquer tentativa mais desesperada. Olhando pra cima dá pra notar que a queda foi feia, acho que essa dorzinha chata foi a menor que eu poderia sentir, o estrago poderia ter sido bem maior...

Olhando para as paredes, achei uma escada velha que pode me ajudar a subir até o teto do prédio na qual 'tentei' chegar pulando. Ela é de madeira, se bater no teto acho que não fará tanto barulho.

Pac...

É, foi silencioso, pego o cano que carrego comigo desde o início de ontem e subo as escadas, a dor é pouca e não me impede de ser rápido, antes de subir, dou uma olhada pra ter a certeza de que não há nenhuma daquelas coisas.

Um.

Apenas um. mas isso significa que ele pode ter subido por alguma escada ou passado por alguma porta. Terei de ser rápido, atingí-lo com tudo na cabeça ou tentar empurrá-lo daqui de cima... Dou mais uma olhada e vejo que a porta que dá acesso ao teto está aberta, há dois grandes móveis que posso por na frente da porta se ela estiver sem as chaves, mas se não puder trancá-la sem fazer barulhos, não poderei passar muito tempo nesse teto. Tenho que agir rápido.

Num impulso dou a volta no monstro, meu silêncio não chama a atenção dele. Realmente, agora tenho a prova de que são cegos. Chego até a porta, tem uma chave nela, a fecho e giro a chave rápido, o desgraçado ouviu e vem em minha direção, devagar, mas faminto. Arrasto o cano de ferro no chão, tento não fazer tanto barulho, apenas o suficiente para ele seguir...

Agora ele está na borda, ele parou. Vou até as costas dele e o empurro com o cano!

BAM! CLANC! CRAC!

Merda. O derrubei no meio de um monte de caixas, isso vai chamar a atenção de muitos deles, mas não poderão me ver e provavelmente só terão olhos pra o foco do barulho mesmo. Empurrei os móveis, um pra frente da porta e outro pra frente da grade que dá pro térreo. Ótimo! Dois dias e me movimentei por cem metros ou menos! E agora o que eu faço?

Que barulho é esse? Que luzes são essas? Um helicóptero enorme se aproxima do telhado.

'Se puder nos entender, faça um quatro com as pernas! E depois bata continência!'

Não pensei duas vezes.

'Afasta um pouco garoto! Estamos descendo uma corda para puxá-lo!'

Perfeito! M-mas que merda é essa? Essas monstruosidades estão tentando arrombar a porta e o portão! Merda! Lá vem um deles! Conseguiu pular a grade! Quem diria, com essa minha 'incrível' pontaria, perfuro a cabeça dele com o cano, a corda já está em minhas mãos!

'Rápido! Mais dois!'

Sou rápido e passo a corda ao redor da minha cintura, e num golpe de sorte, chuto um dos monstros e ele cai sobre o outro, agora estou segurando com todas as forças que tenho

essa corda e olhando pra baixo, acho que estou a cem metros de altura, ou menos, sei lá. Apenas vejo que tudo o que conheci, todos que conheci e amei, tudo está destruído.
Todos mortos.

Provavelmente ela também...

(Allan Wagner, 19:12 - 19:59, 15/03/2011)

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