sábado, 28 de junho de 2014

Infindo.

Eu preciso falar de tempo.
Falar do tempo que eu dei como perdido,
ou do tempo que eu achei ter perdido comigo mesmo,
mas eu preciso falar de tempo.

Me deixem falar sobre o tempo que venho perdendo,
do tempo que venho perdendo em não querer me reencontrar,
o tempo que eu só recupero se não estiver sozinho,
tempo que eu tento matar.

Eu só quero falar de tempo.
Tempo que foi e não volta mais.
Tempo que veio, ainda está, e sobrevive.
Tempo, que é algo que, sim, eu ainda tenho.
Mas é o tempo, que pode me ajudar,
tempo que me afasta,
tempo que traz de volta.
Tempo.

Eu não quero ser só mais tempo perdido.
Eu já não posso ser apenas tempo esquecido.

Tempo por tempo.
Preciso de tempo.
Pra entender que no tempo certo,
eu estarei a tempo de voltar.

(Allan Wagner, 23:21 - 23:38, 28/07/2014)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Pagar pra Ver.

O velho amor ainda vive.
O que estava perdido, nunca esteve perdido.
Está guardado e asfixiado, no silêncio.

E eu o dei como morto.

Ele não está em apenas um.
Ainda está em nós.
Ainda vive.

E eu preciso entender que eu ainda estou perdido.
Que não sou nada, além do que não sou.
Não reconheço a face que reflete em meu espelho.

E eu deixo ir, busco minha liberdade,
e eu irei ver, o que eu precisar ver,
e quando eu me encontrar.
Volto, pra pagar pra ver.

Eu volto, pra te ter.

(Allan Wagner, 20:30 - 20:38, 27/07/2014)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Dói.

Dói.
Apenas dói.
Rasga o peito, ressoa na carne.

Mas dói.
E apenas dói.
Corrói a alma, machuca a mente.

E no final só vai doer.
E quem eu quero não vou ter
Ficará aqui, não lido, pois para ela não está escrito.
E no final ela nunca mais me enxergará, nem esse texto procurará.

Ficará no limbo, no esquecimento, sem voz.
Sem sua voz, sem sua carne, sem sua alma.
E no final, quem fará festa são as saudades.
Quem se alimentará somente será infelicidade.

No final,
sem nenhuma resposta,
viver no silêncio,
apenas dói.

(Allan Wagner, 20:12 - 20:17, 25/06/2014)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Luz e Breu.

No final, a luz não vive sem a escuridão,
e a escuridão sequer existe sem a luz.

E dentro de mim, ambos parecem estar querendo prevalecer.

Porém, a escuridão da dor, do negativismo sempre me acha,
me acha numa noite sozinho, num pensamento perdido,
numa reflexão do trabalho ou simplesmente no abrir dos olhos.

É uma batalha diária equilibrar tanta energia conflitante,
é uma guerra constante aceitar que o passado é passado.

É tão mais fácil se entregar, é sempre tão mais fácil viver no esquecimento,
é tão mais difícil levantar e não entender o motivo disso,
pra quê trabalhar?
Pra quê acordar?

Se no final seremos poeira.
Nomes esquecidos, rostos apagados, amores nunca mais lembrados.
E se formos lembrados, por quem seremos?
Cada um de nós é apenas um grão num incomensuravelmente infinito universo,
não completamos e nem mudamos nada, então... pra que?

Talvez o trabalho não te engrandeça, mas te faz viver.
As famílias sejam apenas linhagens sem sentido, mas que te fazem sorrir.
E os amores, bem, os amores nada são. Apenas sentimentos sem sentido, sem caminho, sem razão.

Mas os amores, sejam eles quais forem, são o que te fazem trabalhar,
que te fazem querer seguir em frente e lutar por algo melhor,
os amores constroem as famílias, grandes famílias, boas ou más.

No final são os amores,
por filhos, mães e pais,
amantes, enamorados, casados,
e o amor próprio.

Amor próprio.
Tão mais difícil.
Tão mais sacrificável.
Enquanto não houver, nada fará sentido.

No final, ele que divide a luz e a escuridão.
E no final, a luz não vive sem a escuridão,
e a escuridão sequer existe sem a luz.

(Allan Wagner, 01:46 - 02:04, 19/06/2014)