segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Boneca de Lobo.


É a emoção que nos guia,
trevas e silêncio pela noite,
e a mesma emoção,
que estou procurando em você,
partilhando o medo em meu coração,
você, não mais além.

No dia que você passar pela chuva,
quando precisar de mim para se alimentar,
Serei seu banquete, a tentativa de sobrevivência,
daí então nós veremos a nova luz.

Darei minha vida,
não mais por honra, mas por você,
e que em meu tempo não haja mais nenhuma,
não importa se for crime, irei até você,
em transe, em um sonho.

(Allan Wagner, 19:15 - 19:23, 31/12/2012)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Cedo, à hora.

Era meu o costume de pensar que eu não podia prosseguir,
que a vida não era nada, além de uma música ruim,
mas agora, talvez, eu veja o significado do que é verdadeiro,
pois eu estou usando todas as minhas últimas armas.
estive no limite, me destruindo,
quantas vezes o silêncio foi insuportável
eu não creio que hajam milagres,
então percebi que primeiro,
tudo começa dentro de mim.
Se eu posso ver, então posso fazer,
se acreditar, nada me impede.
Eu acredito em mim,
pois acredito em você.

(Allan Wagner, 00:10 - 00:16, 22/12/2012)

No Fim do Mundo.

Era cedo, é cedo. Gritos desde cedo.
Desespero de inocentes e crianças.
Culpados, pecadores e salafrários.
Há gemidos, há fogo.
Há escuridão, há dor.
Prepare-se para o fim.
Sorria quando ele chegar.
Pois não adianta quando você possa correr, tentar.
Seja onde for, a fome, a escuridão, a dor, todos...
Todos vão te pegar.

(Allan Wagner, 22:50 - 22:55, 21/12/2012)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

78.

Ainda há mãos, ainda há milagres,
ainda há sorrisos, ainda há fases,
ainda podemos ver os montros,
ainda conseguimos ver as estrelas,
ainda podemos correr pelas árvores,
imaginar os monstros segurando nossas mãos,
desejando a felicidade de seus devorados.

Sorria, eles não vão te assutar.

(Allan Wagner, 23:35-23:40, 11/12/2012)

Os Guias - Prólogo

Ajoelhou-se, retirou os restos de madeira de cima do corpo. Devia estar ali há pelo menos um mês, já estava podre, mas estava quieto. Cutucou com os restos com a faca e nenhuma reação. Tirou o chapéu, fez o sinal da cruz, roubou o cantil e uma garrafa d’água do corpo, arrancou uma lanterna pequena amarrada na cintura e viu nas mãos do cadáver alguns papéis e um pedaço de carvão, ao lado dele também havia dois ou três lápis.

Retirou os papéis, olhou para os outros dois que estavam entrando no telhado e começou a ler em voz alta.

“Hoje acordei bem cedo, fiz o que fazia todos os dias: lavei o rosto, comi dois pedaços de pão seco, um pouco de água e pus a mochila nas costas. Sai em seguida e, como sempre, pulei a janela, deitei a escada para que ninguém pudesse invadir e escondi embaixo dos restos da cortina que estavam no térreo. Por fim tomei meu rumo pelo corredor lateral do prédio.

O Sol ainda não estava forte, deviam ser umas cinco ou seis da manhã, não era tarde. Como de costume, tirei o machado que escondi por trás de um monte de madeira que estava antes do portão. Assim que cheguei no final do corredor, retirei as correntes que ‘fechavam’ o portão de ferro, antes de abrir, dei uma olhada nos dois lados da rua.

Tudo bem, nenhum deles.

A rua não é asfaltada, a poeira levanta graças ao vento. E isso não é bom, o vento assim tão cedo não é bom. Enfim, mesmo receoso, precisei sair. A água estava no fim, o alimento estava no fim, e, principalmente, o papel higiênico estava no fim. Andei por vinte minutos, até que cheguei a um cruzamento. Espreitei as esquinas e não vi nada, o que era estranho. O Sol agora já começava a fazer efeito, deviam ser umas seis, seis e meia da manhã e nenhum deles pelas ruas.

Não sei quanto tempo passei andando, mas fui longe, muito longe, e não vi nenhum deles. Por um momento pensei que tudo tivesse finalmente acabado. Agora era só esperar algum tipo de resgate, não sei. Até que encontrei esse salão. Um velho salão de beleza. Olhando pela porta de vidro vi duas garrafas de água e, ao que parecia, carne. E carne ainda boa, bem vermelha, ainda sangrando. Carne de rato, gato, cachorro, nem me importava, queria aquela carne. Corri até as duas esquinas, ninguém, nada.

Peguei uma pedra pequena e joguei na porta, o barulho ecoou na rua. Parei, olhei pros lados e nada, mais uma vez eu espreitei as esquinas e nada. Nunca fiquei tão feliz na vida. Entrei no salão e esvaziei uma das garrafas e peguei a carne, pus na bolsa e sai, andei por mais dois quarteirões, e vi que o bairro era basicamente de prédios. Ouvi gritos.

Vem fácil, vai fácil.

Corri até a origem dos gritos, e, enfim, vi duas garotas correndo desesperadamente, mas sem ninguém em seu encalço. Chamei as duas, que correram na minha direção. Falavam tão rápido que não entendi quase nada, mas pelo que deu pra entender, eles estavam por perto, e eram centenas, talvez milhares. Eu lembro que eu ri, e logo depois seguimos pra um dos prédios – um dos altos, uns seis andares acho –, sem hesitar eu estourei duas janelas e arrombei uma porta, estava cansado, mas ambas choravam tanto que nem parei pra pensar. Quando chegamos no topo do prédio o Sol já estava alto e insuportável.

Lágrimas encheram meus olhos. Enquanto subíamos, centenas deles farejaram e arrombavam portas, agora estavam cercando o prédio, me abaixei automaticamente e derrubei as duas no chão. Me arrastei até o tampão que servia de entrada pro telhado do prédio e voltei. Todos estavamos deitados, e eu não conseguia pensar, e com as duas chorando eu começava a perder a calma, então, fiz algo que me arrependo. No momento olhei fixamente para o corpo de ambas, uma devia ter seus dez ou onze anos, a segunda era um pouco mais velha, talvez dezesseis anos. Pedi que se levantassem e calmamente segurei a mais nova pelos cabelos e tapei sua boca, então a joguei pela borda do telhado.

Foi um banquete praquelas coisas. Ela caiu de cabeça, não sei se ela morreu na hora, mas gritou bastante na queda. Em questão de segundos seus membros estavam sendo disputados por vários deles.”

Nesse momento, os três respiraram fundo. A letra agora parecia mais grossa e tremida, e visivelmente havia sido escrita com carvão.

"Antes que a mais velha pudesse gritar, agarrei-a pelos cabelos e tapei sua boca. Ainda lembro do seu cheiro e de sua pele. Arranquei suas roupas e mandei que ficasse calada. Fiz uma mordaça e fiz o que todo homem gostaria de fazer com ela. Seus seios cabiam em minhas mãos, tão leves e suaves, ela era tão quente. Não me importava, eu iria morrer, eu já sabia, então decidi por seguir minhas vontades. Sim, ela chorou muito, era virgem. Quando terminei a segurei pelos cabelos e a joguei pela borda também. Ela não gritou, nem gemeu de dor, nada, apenas sumiu no meio daquelas coisas. Fui visto.

Não pensei muito, corri e pulei para o telhado do lado. Eram três andares a menos. Minhas pernas quebraram, a dor foi inexplicável, parecia que alguém havia martelado-as do joelho pra baixo, minha cintura ainda está formigando, minhas costas muito doloridas. Me arrastei mais dois metros e com o que tinha de força nos braços pus os restos de uma porta sobre meu corpo – então ouvi o estouro do tampão do telhado ser aberto. Ainda era um alvo fácil, mas mesmo assim, mesmo que eles estivessem no outro prédio, naquele último andar, não me viram. Antes do fim da tarde, parei de ouvir o barulho de carne sendo rasgada e os gemidos.

Está amanhecendo, e eu passei a noite escrevendo isso. Não consigo mais mover minhas pernas. Por favor, se encontrar meu corpo, por favor, pegue o que lhe for útil, além da água, que não irei beber, ainda tenho uma pequena faca na minha cintura e a pequena lanterna que me ajudou a escrever tudo. Sucumbi a meus desejos sim. Me aproveitei e matei duas crianças e por fim não me salvei. Peço perdão a Deus por tudo o que fiz, imploro perdão e peço para que, seja quem for que venha encontrar meu corpo e que venha a ler esse texto não me julgue, mas saiba que em minhas últimas horas pedirei a Deus que te guie pra fora desse caos.”

O silêncio durou alguns minutos.

Os três olharam fixamente para o corpo.

- A merda da carne já deve estar estragada, mas podemos tentar aproveitar a faca.

- Desse monstro não quero nada. Por mim deixamos até a água desse maldito.

- Pegue o que precisar, só vamos sair daqui. Não quero que aquelas coisas nos peguem, não me interessa o que ele fez.

Tiraram o que acharam de útil no corpo e saíram.
 
(Allan Wagner, 11/12/2012, 20:35 - 22:10)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Por fim, enfim...

As minhas mão já percorreram,
conhecem as curvas acentuadas,
as descidas pouco ingrimes,
os seios de pele suave e os lábios de carne farta.

Sabem do segredo que o pequeno sinal guarda próximo ao teu umbigo,
dos sinais que se ocultam em suas costas,
sentem saudades de não terem a tua pele próxima,
sentem medo de outra qualquer que vai ocupar teu lugar.

Não importa,
não é você deitada sobre aquela cama,
não é você acalmando meus desejos,
não é você cantando no meu ouvido,
dividindo segredos ou chamando pra dormir,
estudando com luz fraca ou reclamando da lâmpada ligada.
Aguentando minhas críticas infundadas,
explicando a beleza da vida.

Por fim,
enfim.

Não é você.

(Allan Wagner, 21/11/2012, 22:50 - 22:57)

domingo, 28 de outubro de 2012

Seja o que flor.

Seja o que flor,
Pra onde cor,
de onde fizer.

Faça a diferença,
mova suas licenças,
mastigue indiferenças.

Seja o que flor.

Seja quem flor.

(Allan Wagner, 28/10/12, 23:56 - 23:59)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nosso Mundo.

Ando passando por muitas mudanças sim, mas tem hora que essa mudança traz um pouco de saudades do que já foi.

Lhes deixo com talvez a música que mais me marca e 'machuca' nos últimos dias...

Barão Vermelho, Nosso Mundo.


"Eu não te deixaria desistir tão fácil,
E não te negaria nenhum abraço de novo,
Eu voltaria no tempo."

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Gran


Devolva minhas rodas e meus motores,
Devolva os espíritos que habitaram meus capôs,
os cavalos que rasgam o asfalto,
os motores que urram, implorando liberdade,
devolva-me!
Devolva-me o amarelo Bumblebee, o laranja daytona,
o negro, o vermelho, a prata alemã...
traga as chaves que tilintavam o som das almas,
me permita fazer os espíritos renascerem...
Minhas orações afundaram o acelerador,
que poupe os freios a disco,
me deixe arrancar o freio de mão,
pra trazer de volta a vida,
aqueles velhos, e novos, espíritos que se afastaram de mim.

Deixe que eu viva a cem, duzentos ou trezentos por hora.
Quilometros ou milhas, apenas me deixe viver.

Pois não haverá asfalto que eu não possa atravessar,
lama, sujeira, neve ou chuva que sejam capazes de me parar,
nem borracha de pneu que eu não possa queimar,
vou, ao lado dos meus cavalos de potência,
seguir pela estrada pro inferno,
ou as trilhas do paraíso.

Deixe-me viver.
Deixe-me acelerar.
Deixe-me viver. Livre.

(Allan Wagner, 00:43 - 00:52, 10/10/2012)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Dúvidas pra Caminhar...


Pra onde eu vou? O que eu faço agora?

Pela primeira vez em tanto tempo eu me vejo realmente perdido. Fico me perguntando se meu trabalho vai me levar a algum lugar, assim como se eu devo seguir com o que faço na faculdade. Me pergunto se arte é meu caminho e minha vida e também pergunto se é isso que eu quero. Bate a dúvida do trabalho, da carreira, dos hobbies, da diversão, exceto a dos amigos, todos estão comigo, independente de tudo. Mas sinto que parei em algum lugar. Como se precisasse de mil e uma coisas pra ficar completo e ao mesmo tempo, não tenho necessidade de nenhuma delas.

Pela primeira vez eu realmente questiono minha área, questiono o que é ARTE na minha vida e se ela realmente me completa como anos atrás.

Sinto saudades de quem não devia, sinto vontades que antes eu não tinha, sinto falta do que eu sentia. Bateu as saudades do que eu era há anos atrás, mesmo me sentindo melhor agora.

Me vejo sem inspiração, sem necessidades, como aquele velho barco à deriva, sem porto.

Me sinto uma pessoa que tem a necessidade de ter outra do meu lado pra seguir em frente, e ao mesmo tempo me vejo bem sozinho.

Eu sabia que esse dia um dia ia chegar. Mas chegou quando não podia, nem deveria, pois mais que nunca, não tenho a mínima ideia do que minha vida significa, nem se ela realmente serve de algo.

(Allan Wagner, 00:53 - 01:0, 09/10/2012)

Sumindo...

Pois é, pr'aqueles poucos que acompanham meu pequeno blog, quero pedir desculpas, ando bastante indiferente com o blog, mas não por não querer mais escrever, pelo contrário, por não conseguir.

Por vezes e mais vezes entro, escrevo e apago, sinto como se nada que eu escrevesse ficasse realmente digno, ou sequer aceitável pra postar, enfim, depois de um longo período, acabei desabafando, e achei próprio pra postar aqui, enfim...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Única.

Disseram que eu tinha o coração muito grande.
Isso foi há 10 anos atrás.
Disseram que eu era um pessoa mudada e melhor.
Há pouco mais de 5 anos.
Você deu um novo passo, vai chegar lá.
Dou 3 anos.
Você não é a pessoa que eu conheço, você mudou demais, só não sei como.
Foi o que me disseram hoje.

Bom ou ruim, á não interessa.
Quem eu sou já não interessa.

Só me levante quando setembro finalmente acabar.

(Allan Wagner, 21:40 - 21:56, 07/09/2012)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Otomano.


Quebre minhas pernas,
arranque meus braços,
fure meus olhos,
destroce meus ossos,
devore meu espírito,
mas não importa quantas vezes eu caia,
quantas vezes eu coma poeira,
repetidas vezes eu beije o chão,
eu vou me levantar,
e minha honra você não poderá levar.

(Allan Wagner, 17:13 - 17:20, 26/08/12)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Engasgue.


- Então... ele morreu de que?
- Morreu engasgado, com todas as palavras que não teve coragem de dizer...

(Allan Wagner, 18/08/12)

domingo, 19 de agosto de 2012

No Silêncio.

Não preciso de amor,
não preciso de bens,
preciso entender o que há em mim,
preciso entender o que existe em mim,
antes de dar um passo pra qualquer lugar,
antes de saber que existe um ponto pra chegar.

(Allan Wagner, 16:13-16:20, 19/08/2012)

sábado, 18 de agosto de 2012

Conhecimento?



Pois tua voz me manteve confuso,
tua ligação me soou inesperado,
e fico ainda mais perdido por não te conhecer em nada,
e morro na vontade de querer te conhecer cada vez mais.

Então decide se vai ficar assim oculta em outra relação,
ou se vai me deixar pra viver em paz,
pois tuas ações são confusas demais pra mim,
e se você quiser eu vou me engasgar...

Vou me deixar engasgar, me deixar matar,
por todas as poucas palavras que eu não venha ter coragem de falar.

(Allan Wagner, 00:50-00:55, 19/08/12)

Vazio...

E na sua procura por algo,
você só encontra o vazio,
não encontra nada,
só velhos tampos de madeira empoeirados,
pedras de concreto rachado,
o vazio que há tanto havia se livrado.

Vazio,
vazio,
vazio...

(Allan Wagner, 00:42-00:49, 19/08/12)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Imbarazzato...


E 'il cuore che è ancora confusa,
o è il giudizio che trovo più?

Corpo, anima, cuore?
Quale delle due è migliore?

Non lo so.
Voglio capire.
Cerco di capire.

Corpo, anima o cuore?

Silenzio imbarazzato, prima del lavoro.

Corpo, anima o cuore?

(Allan Wagner, 15:03 - 15:10, 10/08/12)

domingo, 22 de julho de 2012

Valores.


Mostre o valor das pequenas coisas para uma criança, e ela fará das grandes sua meta ao crescer.
Mostre o valor de um beijo para um amante e ele valorizará a família que ele terá no futuro.
Mostre o que significa educação para o povo e ele não idolatrará falsos heróis e colocará mascarados no poder.

Oculte tudo e veja o mundo ruir.

(Allan Wagner, 20:01 - 20:15, 22/07/2012)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Zodiacal.


Pras arianas sempre chego atrasado,
as taurinas são ótimas amigas,
geminianas sempre foram indecisas,
de tantas cancerianas, basta minha mãe,
leoninas só me causaram problemas,
virginianas me magoam sempre,
librianas não me veem com bons olhos,
as de escorpião me foram falsas,
ando evitando sagitarianas, pra evitar a fadiga,
as capricornianas sempre somem no ar,
aquarianas são indiferentes,
e as piscianas? Essas são complicadas...

(Allan Wagner, 16:12 - 16:19, 09/07/2012)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Codice D'onore.


Il mio codice d'onore consente solo di vedere la bontà.
Il mio codice d'onore consente solo a me lottare per ciò che è giusto.
Il mio onore è abbondante, incrollabile, e sarà sempre lottare contro tutto uguale.
Ma non il mio cuore. Ora scosso, è incenerito.
Il mio codice d'onore mi permette di sentire il dolore della perdita, il dolore della morte, il dolore del fallimento. Ma non supporta più il dolore d'amore, amare qualcuno.
Il mio onore è in piedi, ma il mio cuore?
E 'stato ucciso in battaglia.

(Allan Wagner, 00:02 - 00:32, 26/06/2012)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Difícil.


Gostar das pessoas é uma coisa difícil.
Se apaixonar por uma pessoa é ainda pior.
Se ela já não tem alguém, você chega tarde.
Se você chega cedo, ela não te quer.
Então apenas aceite que você NUNCA terá quem você quer ao seu lado.
Apenas os prêmios de consolação que aparecem arrastando-se e implorando sua atenção, dando-lhe o pouco carinho que lhes resta.

Apenas aceite.

Baixe a cabeça.
Siga na vida, pois é sempre melhor estar completamente só, do que com uma companhia indesejada.

(Allan Wagner, 21/06/2012)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Doze e meia.


O amor nunca é censurado,
não se pode censurar,
não se tem um limite ou medida,
não cabe num copo, num corpo.
O amor não acaba.
Se aconteceu uma vez,
não importa quanto tempo se passe longe, não se apaga.
Ele fica guardado em algum lugar do tempo,
em algum espaço perdido por aí.
Mas não acaba.
Dá um tempo, procura se encontrar em outras pessoas,
outros corpos, outras bocas, mas não termina.
O amor é uma velha sinfonia,
dura anos e anos, e nunca ninguém consegue fazer uma igual,
cada história, cada música, cada momento,
é único desigual, amargo, doce, azedo.
É o que deve ser, dura o tempo que deve durar,
e amor por amor, dura pra sempre.
Se perde no meio do caminho, se desencontra,
parece até que não se sente, mas ele está lá.
Ele não morre, ele não se esconde,
ele sofre em algum lugar, mas está lá,
sofrendo no cantinho de parede.
Mas ele está lá, sempre esteve, sempre estará.

Só deve haver o respeito pra entender esse amor,
deve se dar tempo pra entender esse amor ciumento,
o amor que já sofreu e que não confia,
o mesmo que pensa que nada mas vale a pena,
e que não há ninguém que possa guardá-lo em lugar seguro.

Deixe ele andar sozinho,
pra que, quem sabe, ele tenha coragem de andar,
ao lado de um verdadeiro amor.

(Allan Wagner, 03:22 - 03:51, 12/06/2012)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Nunca.

O que acontece quando você cansa?
Quando você sente que está no limite?
Você perde o chão, as paredes, a fé.
Não a fé num deus qualquer, mas a fé em você, a fé nas pessoas.
Você desacredita que alguém pode chegar até você,
e você não deixa que você mesmo chegue a ninguém.
Você não ama, você não se entrega.
Você não luta, você não espera.
Você se decepciona, dia após dia.
Decepção, decepção, decepção.
Mas você é o culpado por isso?
Talvez sim, talvez não.
Você chega ao ponto que não tem mais volta,
ao ponto que não se sente mais nada,
'nem calor, nem dor, já não sente nada'
não adianta pedir socorro, nem pra almas penadas,
não adianta declarar-se pra quem se sente estar mais próximo,
nada ira se consumar,
por melhores que sejam suas intenções, por mais que você sinta,
por mais que doa, por mais que machuque, o destino age contra você.

Desista, dê tempo ao tempo,
mas saiba que o tempo não cura,
o tempo não melhora nada,
o tempo é aquela velha arma,
uma mesma velha desculpa pra não gritarem em seu ouvido:

'Você não tem chance'

(Allan Wagner, 12:05 - 12:17, 11/06/2012)

Erro sem Fim.

Gostar pra quê?
Se entregar pra quê?
Pra chegar no mesmo fim,
repetir o mesmo erro seja em você ou em mim.

(Allan Wagner, 11/06/2012)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Carta a desconhecida.


Oi,

não sei se você me conhece, na verdade, acho que não. Acho que estudei contigo no colégio, mas acho que você não me via, pra ser bem sincero, eu tinha certeza que você nem sabia que eu estava lá, ou quem sabe te vi em algum lugar por aí, ou na casa de um amigo, ou quem sabe nunca tenha te visto, mas eu conheço... Não sei, mas lembro que era você.

Eu queria te conhecer, mas não tinha coragem, acho que falei com você uma ou duas vezes, não lembro, e agora que sei que está sozinha, pensei que a gente podia conversar... Você não lembra, acho que não me conhece, quase certeza… E pode até achar atrevimento meu falar com você assim.

Eu sou um cara como qualquer outro, trabalho e ganho meu salário, faço meu curso na faculdade, moro num lugarzinho meu, mas tenho qualidades, tenho, eu acho, acho que sou até legal... Mas eu tenho falhas também, tenho sim, tenho muitas.

Então, pensei, se tenho tantas falhas que acho melhor falar sobre elas, pois no final, você, se quiser, vai conhecer minhas qualidades, bem, se eu tiver alguma de verdade, bem, me deixa começar então... Começar por, por, eu sou muito ciumento, e muito crítico, muito mesmo. O que não aceito, critico até me provarem o contrário, mas tem certas coisas que eu não gosto e ponto, eu sou muito chato com isso, muito mesmo. E sobre ser ciumento, sou muito, muito mesmo, mas não admito. E evito mostrar, mas eu sou tão ciumento que não gosto de ninguém olhando virado pra quem eu gosto, a pessoa pode nem estar namorando comigo, mas eu fico com ciúmes... Eu sofro muito também, por pouca coisa, sofro, e tive muitos amores platônicos durante minha vida... E sou tão covarde pra essas coisas... Sabe, às vezes eu tenho certeza que eu perdi quem gostava de mim por chegar atrasado. Muito atrasado. Falar atrasado, mas nunca sentir atrasado.

Gosto muito de games e quadrinhos, muito mesmo, escrevo sobre eles, pesquiso, gosto de criar em cima de suas histórias, seus personagens... Eu me empolgo ainda mais quando o assunto é video-game, e às vezes esqueço do mundo a minha volta, mas foi por eles terem me salvado de uma decepção muito grande, terem me salvado de fazer uma besteira muito grande, talvez, graças a eles eu esteja aqui. Eu não acho falha gostar de games, mas tem tanta gente que considera isso ruim, e eu não sei qual sua opinião…

Também sou ninfomaníaco, sou sim, provoco, mordo, belisco, mas só com quem eu gosto. E às vezes fico frio, mas não por não gostar, mas pela pessoa não querer fazer mais do que o mesmo de sempre, eu acabo esfriando, não gosto de mesmície, não gosto de rotina nessa hora. Gosto de jogos, fetiches, atrevimento, fantasias, fotos, surpresas… Sempre estou disposto a fazer, mesmo estando cansado por conta do trabalho (vamos dizer que meu horário não é muito convencional). Mas ao mesmo tempo, tenho vergonha de pedir. Tenho vergonha de pedir pra tentar algo novo, tenho medo. Medo da reação.

Eu sou taurino. Não, não é um defeito, pra mim é uma coisa boa, é um aviso também. Pois eu sou cabeça dura e muito teimoso. Mas tem gente que não gosta disso... E o que mais? Já sei, olha, eu costumo ser romântico sim, mas não gosto que me cobrem isso. Gosto de fazer minhas surpresas, mas só minhas, me cobrar me atrapalha, me afasta. Gosto de escrever cartas, gosto de fazer músicas, mas não quando me cobram, não quando me dizem que eu tenho que ser romântico, dar mais atenção o tempo todo.

Sou desatento. Desligado totalmente. Minha mente funciona em 110V, senão sobrecarrega. É pra uma coisa de cada vez, não fale comigo se eu estiver lendo, vendo um filme, estudando ou jogando video-game, não tente. Pois você vai ficar com raiva por eu não lembrar e eu vou acabar confirmando na hora algo que sequer ouvi. Fale alto, não gosto de quem esconde a voz. Também valorizo o que acham ser cultura inútil, frases de livros, momentos de filmes, referências, títulos. Me valorizo como um nerd, me orgulho desse título... E todo mundo sabe. Não admito que as pessoas se intitulem como tal só por acharem que é estar na moda (e tenho sempre bons argumentos pra quem quiser discutir esse assunto comigo) e levo a sério. De verdade.

Eu sou exigente com besteiras, quero que grite comigo, me critique, me derrube num sofá, me dê uma rasteira na sala, brinque comigo, tem hora que ser meiga, menina, cansa, quero alguém bruta, faz bem.

Não sigo moda, nunca irei seguir. Você vai ter que arrumar minha roupa e me dizer como devo me vestir, pois por mim eu vou de sandália e camisa de botão pra todo lugar. Gosto de deixar a barba a fazer, gosto do meu cabelo grande pra fazer tranças élficas, ou cabelo curto ou raspado, enfim, gosto de usar o que me der vontade na hora. E me contradigo. Muito. Às vezes por simplesmente esquecer (e depois notar que é uma coisa que realmente não tinha valor), às vezes por ter minha opinião mudada em pouco tempo… Acho que sou alguma espécie de contradição ambulante.

E eu me prendo ao passado, eu guardo mágoa. Caso eu lembre, caso me incomode, e se eu não sentir que posso esquecer, guardo por muito tempo. Posso nunca lembrar, mas se acontecer uma discussão, lembrarei daquela mágoa, a usarei…Vou querer que você passe meu aniversário todo comigo e preciso de você pra me lembrar de datas de aniversário de namoro, pois não guardo quase nada em relação a datas.

Tenho medo do mar.

Eu sou um monte de coisas mais. Mas acho que minhas falhas mais graves, mais agressivas são essas, são aquelas que você precisa saber logo de cara, sei lá, se for pra se afastar, que seja agora, não depois. E se você quiser conversar, me conhecer, você sabe onde me encontrar, eu acho. Me permita preparar um jantar, ou pagá-lo pra você, permita que eu beije tuas mãos e testa em sinal de respeito e bem querer, deixe que eu te leve uma vez, sem histórias passadas, ex-namorados ou ex-namoradas. Sem antigos momentos pra contar, apenas deixa, não se esconde ou invente um motivo desnecessário. Deixe que no final da noite eu te peça o beijo que eu quero roubar.

Se tiver dúvida onde eu me escondo, pergunte pra qualquer um, estão todos permitidos a delatar minha posição a você, e vou esperar. Eu tô escondido em qualquer lugar, e você pode me achar, só perguntar seja pra quem for, você poderá me achar.

(Allan Wagner, 20:51 – 00:51, 06/06/2012 - 07/06/2012)

terça-feira, 5 de junho de 2012

Abriga.

A Lua Cheia não faz mais efeito,
ela já não faz mais sentido,
não sinto mais seu augúrio,
nem o que dizem ser infinito.

Apenas o canto lacônico eu ouço,
apenas o que cães podem me dizer,
e essa Lua Cheia pra mim não faz mais sentido.
Nunca mais fará.

(Allan Wagner, 23:53 - 23:59, 05/06/2012)

sábado, 2 de junho de 2012

Egoísta.


Eu te peço,
não olhe dessa maneira pra mim.
Eu já imploro,
não peça o que eu não posso.
Eu dirijo minhas palavras com cuidado,
mas não vá embora.

E no meu egoísmo eu vivo,
respiro o ar que é só meu,
não vejo o problema de mais ninguém,
não vou dividir essa vida que me sobra,
bebo e me alimento sem pensar em mais ninguém,
e isso vai me fazendo uma pessoa mais e mais só.

Eu não enxergo nada além de mim,
eu não ando com outras pernas senão as minhas,
eu não acho estranho não me doar,
eu te machuco, te faço chorar, não te mereço,
e fica a pergunta,
o que a de errado comigo?

(Allan Wagner, 23:50 - 23:59, 29/05/2012)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Caminhar (de novo).

Está na hora de andar de novo.
Mas desta vez meus pés doem como nunca, e vão continuar a doer...
É hora de andar de novo.
Mas eu prefiro me esconder na cama, debaixo do cobertor.
Hora de andar de novo.
Mas eu não quero continuar a andar, não importa se melhorar.
Agora é andar de novo.
Pois tudo que fiz e o que não fiz, me trouxeram pra cá.

(Allan Wagner, 10:37 - 10:44, 29/05/2012)

Pedidos.


Não são os mortos que estão levantando,
não, o mundo não está acabando a minha volta,
na verdade, nada parece estar de pé.
Nada parece estar no lugar.

Para os pés faltam o chão.
Para as mãos faltam o toque.
Para os olhos, quem diria, faltam lágrimas.
No final, falta, apenas falta.

Incompleto.
Não por não ter ninguém.
Incompleto.
Por não me achar, em mim, entender ninguém.

(Allan Wagner, 02:09 - 02:14, 22/05/2012)

Impérios.


E quais os impérios que caem,
quais deles se vão,
nas eras que vierem,
serão todas de opressão.

E chamem os reis,
os que tiver que derrubar,
sobre seus corpos vou dançar e cantar,
sobre suas carcaças irei festejar.

Chame os heróis,
os que almejam o topo,
pois entre minhas mãos,
todos irão fraquejar.

(Allan Wagner, 02:01 - 02:08, 22/05/2012)

Silenciar.

Só por hoje, quero o silêncio e a solitude pra por meus pensamentos no lugar

(Allan Wagner, 10/05/2012)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os Pés...

Não é fácil por os pés no presente, quando ainda se tem tanto inacabado no passado...
Mas é fácil por uma pá de areia n'aquilo que você gostaria que tivesse acontecido, e saborear, pra sempre, o gosto curioso da dúvida...


(Allan Wagner, 20:04, 04/05/2012)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sangue.


Afirme com o coração de um guerreiro.
Não importa a cor de seu sangue.
Há heróis na luz, há heróis na escuridão.
Já não importa a cor do sangue.

(Allan Wagner, 16:10 - 16:15, 03/05/2012)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Destoante.

Insistente e tantas vezes tolo.
Continuo, continuo, continuo...
E o horizonte a minha frente some.
Enganado, enganando, tentando.

Segue, continua, tenta,
nenhum horizonte pode estar tão distante.

(Allan Wagner, 00:02 - 00:09, 26/04/2012)

domingo, 15 de abril de 2012

Aquele Mal.

Então é esse o lado certo?
É o mal que eu vejo vencer?
Estou a ponto de vender minha alma.
Estou a ponto de desfazer minha vida.

(Allan Wagner, 16/04/2012)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

sábado, 31 de março de 2012

Ídolo.

Como está o ídolo?
Todos os seres em um só ser?
Onde foi para o lobo?
Não encontro o touro.

Me perdi em algum ponto, mas que ponto foi esse?
Tenho o que você acha que posso ter, mas sinto como se não tivesse nada.
Estou perdido em alguma ruela escura, ou quem sabe buraco raso.
Ou por fim, dentro de uma sala sem janelas...

Sou um só, mas me procuram por tantos outros motivos.
Querem que eu seja o herói, o certo, o púdico, o bom.
Quantas bestas dentro de mim eu quero liberar?
Quantos monstros errados querem dominar?

Mas eu sou o bom, sou do bem.
Sou o puro, o belo, o calmo, o sensato.
Mas dentro de mim, não quero ser, nunca quis ser.
Quero ser a besta, o monstro, o ruim.

Quero saber controlar os dois lados de mim,
quero entender como ser, quando ser, a hora que quero ser.

No fim, se continuar assim...
No fim, por mim, tanto fará o que serei eu.

(Allan Wagner, 21:12 - 21:37, 31/03/2012)

terça-feira, 27 de março de 2012

O Bem, O Bom.

Não importa se os bons homens não são maioria, pois todos os ruins já fizeram uma boa ação na vida. Esse já é o primeiro passo para que a bondade vença.

(Allan Wagner, 25/03/2012)

segunda-feira, 19 de março de 2012

Debaixo D'água.

Ah morena...

Sai debaixo dessa água,
põe os pés nessa areia,
vive essa vida no mar.

Ah morena...

Leva, leva, leva um pouquinho de mim,
deixa um pouco de nós,
e volta quando quiser...

(Allan Wagner, 22:50, 19/03/2012)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Deixa Vontade Passar.

E a vontade de jogar tudo pro ar?
Bate aquele desejo de sair pela porta e correr.
Chutar as janelas e pular pra fora.
Deixar esvaziar.

Mas você não deixa...

Não deixa eu esquecer quem eu amo,
não me permite deixar de querer estar,
então passa, e vem outra vontade.
Mas é a mesma vontade de fugir.

Agarrar teu braço e sair por aí.
Chutar as portas de teu quarto, da tua casa,
te levar a qualquer lugar,
aonde você, aonde nós quisermos chegar.

(Allan Wagner, 01:01 - 01:07, 10/03/2012)

Mais de Haikai.

Doce morena.
Doce pranto descente.
Salgadas lágrimas perdidas.

(Allan Wagner, 09/03/2012)

Entre Procura e Mais Procura.

O que procura em mim?
Te vejo procurando o príncipe novamente.
Vejo você perdida em suaves lenços que foi nosso relacionamento.
Te vejo no antigo, esperando que eu seja doce e suave...

Amor, eu não sou o mesmo.
Querida, assim te disse.
Meu bem, eu mudei.
Anjo, você sabe.

Você espera que eu seja o mais brando dos cavalheiros,
mas sou o mais bruto dos gnomos.
Você me olha como se eu devesse ser um elfo,
mas não passo de um ogro.

Olhe pra mim, mas não veja o mesmo homem.
Veja outro homem mais difícil de lidar, mais difícil de se apaixonar.
Mas não deixe de me ver como homem.
Mas o mesmo homem que te ama, e sempre dará a vida pela tua.

Sejamos os mesmos, mas lembre que não podemos ser sempre os mesmos.

(Allan Wagner, 21:12 - 21:35, 07/03/2012)

terça-feira, 6 de março de 2012

Do Que Há.

Ah, dizer que te amo.
E no teu ouvido,
e em nossas histórias,
antigas, novas,
ah, dizer que te quero.

(Allan Wagner, 05/03/2012)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Maré.

Toda forma de amor.
Seja toda forma de amar.
Aceita seja como for.
Viva e se deixe levar.

(Allan Wagner, 26/02/2012)

Renascido.

Do que sobrou do que é antigo, nada restou.
Da suavidade, nasceu a tão indesejada brutalidade,
do romantismo, talvez tenha sobrado ceticismo,
e daquilo que procura com tanto afinco, sobrou o ínfimo.

Mas está aqui, em algum lugar, está aqui,
vai ser difícil encontrar, então começe a procurar,
pois já iniciei minhas buscas, minhas pás trabalham,
minhas mãos estão cansadas e as picaretas já estão gastas.

Mas é difícil.

Não olhe pra mim como se fosse fácil desenterrar,
ou esqueceu que o homem que desejou esteve por aqui?
Esqueceu que ele foi soterrado por pedras e rancores?
Tão grandes que cobriram todo seu corpo...

Agora achei seus braços e estou puxando-o,
mas dói um pouco ainda, sim ainda dói,
vejo camadas de cinismo e machismo,
ocultando o herói que todo mundo via...

Ele, que nunca esteve num cavalo branco,
nunca carregou um estandarte, nem vestiu uma armadura brilhante,
sequer entrou num castelo ou sentou em um velho trono,
ele nunca foi assim, ele nunca foi isso.

Ele matou dragões, com sua armadura de couro pálido,
ele pulou de penhascos, matou ladrões e quebrou os braços,
sangrou, sangrou tanto que quase se entegou ao nada,
lutou, que quando perdeu, pensou que não valia nada.

Então, sorria, e o aceite.
Assim ele derrubará novos dragões, venha a vestir sua velha armadura,
talvez assim, ele possa ter alguma chance de combater seus inimigos,
clamar suas terras e comandar seu reino.

Mas apenas sorria.

Sorria e o aceite.
Talvez o sorriso seja o que falta.
Para que ele crie forças e saia debaixo dessas pedras.
Para que ele esqueça do passado, e viva o presente, e te siga no futuro.

(Allan Wagner, 18:01 - 18:36, 25/02/2012)

Doze.

Seja do que for,
seja pr'onde for,
seja pra estar,
que seja pra voltar.

Aqui fico,
aqui estou,
aqui vivo,
aqui sobrou.

Um pouco de mim,
um muito de ti,
doze anos de indas,
doze meses de vindas.

(Allan Wagner, 21:15 - 21:22, 20/02/2012)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Eu Ter.

Deixa eu ter o prazer da dúvida.
Deixa então passar o prazer da insistência.
Prazeres como distância, falta.
Deixa ser, deixa, apenas deixa...
Morena.

(Allan Wagner, 16/02/2012)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Mãos & Milagre.

Agarrado a mãos que prevem o milagre.
Eu sorrio.

Mãos que nos provem milagres.
Em lugares que não tenho.

Em lugares que não posso nos levar.

(Allan Wagner, 07/02/2012)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Remar.

Eu quero remar, procuro força pra remar, mas não sei, não aprendi, acho... acho que já remei algum dia, aprendi, não lembro com quem... mas sim, já remei... nadar, bem nadar eu já sei... já sei bastante, pois eu remava, acho que remei bastante, mas o barco que me ofereciam nem saia do porto e lá estava eu, lá no meio das ondas, nadando de volta pra margem. Uma vez quase me afoguei, é verdade! Parece incrível, mas eu fiquei boiando por três meses! Pois é... Um ano e pouco de viagem, e o barco simplesmente afundou. O capitão pulou primeiro e nem me avisou, só pulou, e eu afundei, quando já estava sem ar, qualquer coisa me puxou... Seja o que for, puxou. E eu fiquei lá, três meses, e estava doendo, meu corpo todo, doia e ninguém aparecia. Uma vez vi um barco tentando se aproximar, mas rezei... É, eu rezei um dia. Pra que ninguém chegasse perto. E funcionou, na verdade bem até demais. Então depois de seis meses eu consegui forças pra nadar, nadei forte, nadei rápido e alcancei o capitão que me deixara afundar com aquele navio.

E ele estava lá, me viu, eu sei que viu. Mas já estava n'outro barco, e eu conhecia aquele barco... Um barco que me atacou a distância e, quanto coincidência, o capitão também era o mesmo. Então pensa comigo, aquele capitão que eu defendi por um ano e pouco de viagem já tinha me atacado antes... Duas vezes, a primeira vez, há anos, atacando direto o barco que eu usava, e depois com o segundo barco, e agora, ele voltava pr'aquele segundo barco, e me atacava de novo.

Então eu nadei. Nadei pra longe. Nadei pra tão longe que esqueci o que é remar. E encontrei um novo barco, que me ofereceu abrigo, prazeres nunca antes imaginados, e muito, muito pouco a se fazer. Eu não remava, meu capitão era bondoso e usava velas, motores... tudo ia até bem... mas o meu antigo capitão atacou o barco e antes que eu notasse, eu já havia embarcado no barco do antigo capitão... por que? E meu último capitão... sim, aquele que ofereceu um barco com prazeres indescritíveis, arrumara outro tripulante. Sem nem mesmo saber se eu voltaria ou não.

Então eu vi meu antigo barco, estava belo, parecia muito mais forte, e oferecia remos. Eu quis remar. Quis reaprender a remar. Eu quis muito remar. Mas o capitão não permitiu, gritava comigo sempre que eu chegava perto dos remos. Então pra que tinha salvado minha vida? Pra que continuava a me manter no barco? Passei semanas olhando para os remos, passei semanas me arrastando pelos cantos do barco.

Então eu pulei.

Pulei e não olhei pra trás. Pulei e nadei com tanta força, com tanto afinco, com tanta vontade, que esqueci o caminho de volta. Cruzei com dois ou três barcos... pequenos, lentos, desavisados... mas sequer tive a chance de entrar de verdade. Um deles até foi atacado, e o outro me deixou uma carga especial. Destruído... Mas eu? E nadei. Nadei como nunca havia nadado, mais forte, mais vigorosamente, como um touro, eu empenhava toda minha energia, força, paixão pra sumir daquele mar.

Então próximo a costa me ofereceram novamente o mesmo barco, o mesmo remo, o mesmo capitão. Mas o capitão não aceita que eu leve minha carga, que até agora não sei se devo carregar ou entregar. O capitão não quer esperar, não deixa eu passar mais um minuto com a carga, e não aceita como eu estou a remar. Mas o capitão não me oferece as regalias dos barcos antigos, não me oferece prazeres inacreditáveis, não aceita minha carga, não aceita os portos que eu ofereço para descansar, e some. É, eu vi o capitão naqueles carnavais em Veneza! Por entre aqueles maravilhosos prédios, e me deixou amarrado ao barco. Sem saber onde estava.

Então, capitão. Eu estou tentando reaprender a remar, estou querendo carregar uma carga única, na qual lhe peço apenas tempo para que possa entender se devo abandonar ou carregar. Mas você não aceita. Esse barco está afundando devagar, e dessa vez, eu vou com ele até o fundo, debaixo d'água eu vou remar, vou quebrar os remos se necessário, vou quebrar meus braços contra a correnteza, vou fincar meus pés no convés. Mas a carga vai comigo. Meu passado está nos meus braços que tanto nadaram e não é fácil assim abandoná-lo.

Capitão, só o que peço é paciência. Peço que aporte nos mais prazerosos portos para que eu possa lhe mostrar que nem tudo que sabe é suficiente, não suma por entre folias e carnavais - e não diga que me avisou sobre seu paradeiro, pois dormi sobre o convés e você não retornou -, quero que carregue comigo essa carga para que eu tenha em quem confiar, pois esse barco está quase no fundo capitão, eu posso sentí-lo bater nos arrecifes e eu vou afundar com ele. E dessa vez, vai ser definitivo.

Só peço, me ajude a remar, mas não fique só nisso. Temos muito a carregar capitã, temos piratas a enfrentar, temos ilhas por aportar, temos tesouros a descobrir. Remar, remar e remar, não basta, sem um destino, sem rumo, nem prumo. Então capitã, tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que realmente valerá a pena.
Que por você minha capitã, tudo vale a pena.
Que por nós valerá a pena.
Vamos Remar. Continuar a remar.
Como me disse capitã.
Re-amar.
Amar.

(Allan wagner, 03:23 - 04:08, 07/02/2012)

'Baseado em textos de Caio Fernando Abreu'

D'estrelar.

Até a noite, você vai escutar,
meu canto vai te convidar,
vai te impressionar.

Até a noite, vai poder parar,
descansa de tanto trabalhar,
vem comigo se deitar.

E essa noite, eu posso te levar,
da Lua a Marte ou pular,
de estrela em estrela.

E quando o tempo, vier te mostrar,
mesmo que termine, não vá se orgulhar.
E quando terminar, que seja pra ficar,
que você venha pra ficar, não importa onde chegar,
logo aqui.

(Allan Wagner, 23:48 - 23:53, 06/02/2012)

Nós.

O som da noite,
a luz inquebrável,
os punhos em riste,
a dor intocável.

Lugares vazios,
peito a vácuo,
invólucro misto,
seus restos, pedaços.

Nós.

(Allan Wagner, 23:36 - 23:44, 06/02/2012)

O Fato.

Falta que só a falta faz...

Entende sobre o que vem acontecendo,
seus sacrifícios desiguais,
seres que não se mantém, estão além,
e só quer que tudo esteja certo.

Miragem?

No fundo, priva a pequena centelha de vida e felicidade de outrém,
martiriza-o, fazendo-o acreditar que trata-se de uma praga para ambos,
enquanto o sacrifício que ele tenta fazer por ti, é o mesmo,
só não percebe que a mente e coração ao seu lado é frágil e trincada.

Você não o conhece...

Ela tanto parece não querer conhecer o novo,
não entende que nele não há mais tanto amor pelos outros como antes,
mas lhe sobra aquele amor próprio que você mesma sempre lhe cobrou...
A tal ponto que, agora, aos olhos de todos parece ser puro egoísmo...

Não fazer o suficiente...

Cobra, pede, reclama um momento aquele apaixonado homem de anos atrás,
mas foge sem contar pra onde vai, vai pra festas, danças e carnavais,
e o amoado amado, descansa sobre uma cama sem sinais de sua vida...
Crendo no descanso de teus momentos cansados de uma semana de trabalho.

O fato: você existe...

Existe. Insiste. Descansa. Alimenta. Vive.
Preso no labirinto do próprio pensamento, confuso e insensato,
bastando-lhe saber que sua presença anda por esse mundo...
O fato pra que ele viva: você existe.

Você existe, você vive.

(Allan Wagner, 21;01 - 21:19, 06/02/2012 )

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Recruta.

Nós estaríamos juntos.
Lutaríamos pela vitória,
juntos, um ao lado do outro,
estaríamos de pé diante a tempestade.

Estaríamos.
Ficaríamos.
Lutaríamos.
Mas você não entra no campo de batalha.

Você me recrutou,
me armou até os dentes,
me reensinou as táticas,
me mostrou o inimigo e como derrubá-lo.

Monstruosa recruta.
grandiosa general,
pavorosa tenente,
ilustre capitã.

Morte impávida que abandonou seu melhor soldado em meio a dor certa.

(Allan Wagner, 22:41 - 22:50, 23/01/2012)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Anseio.

Ninguém ficou.

Nada sobrou em lugar algum.

Você não ficou.

E ninguém mais desejou.

Ninguém mais ansiou.

E no final, mesmo aqui, inerte, sozinho, entregue.

Ninguém ficou.

Ninguém ansiou.

Ninguém desejou.

(Allan Wagner, 22:30 - 22:38, 21/01/2012)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Verdades de Parachoque de Caminhão!

Amor é que nem pacote de biscoito, quando termina o que interessa, o que sobra é um saco!

(Allan Wagner, 17/01/2012)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Reencontro.

Peculiaridade é apenas seguir em frente,
singularidade é viver como se nada mais importasse,
doloroso, insensato, estranho.

Que a areia mostre o que eu preciso ver,
e que as águas do mar possam me salvar,
que seja, esteja, apareça.

Mas seja lá onde eu estiver,
preciso voltar, retornar, ficar,
no final preciso apenas me reencontrar.

(Allan Wagner, 23:13 - 23:20, 13/01/2012)

Primeira.



Perdi a mão e perdi a voz.
Desde que não dei tempo, desde que não esperei você decidir o que queria, perdi meu caminho.
Estive com outra, que me mascarou a felicidade, mas não passou de boa amizade...

Senti.
Sinto.
Sentirei tua falta.
Perdi a mão por não ter cara pra te falar.
E sinto a culpa de ter que confirmar depois de tanto tempo.

É a primeira vez em tantos anos.
É a primeira vez que tenho a velha coragem de volta.
É finalmente a hora de dizer.

Confessar que ainda te quero.

Ainda desejo dividir meu tempo contigo, e o teu comigo, se assim desejar. Isso irei aceitar.
Não menti ao dizer, que amaria amar você.
Nem quando lhe prometi aquela auto-estrada limpa, sem desvios, empecilhos, para que juntos pudéssemos criar e moldar cada canto do asfalto juntos.

Mas o que sobrou foi apenas vergonha por tudo o que passei.

Minha casa é toda sua se desejar. Suas chaves estarão prontas para quando quiser vir e ficar.
Te ofereço esse lugar ao meu lado, não a toa, não sem motivo.
Aquele Pôr-do-Sol em Olinda está a nos esperar.
O jantar cozinhado por mim, ainda espera você.
As danças na Sala de Reboco ainda esperam teus pés.
Quantas massagens quiser, na hora que quiser, todas serão suas...

Quero que você seja a primeira, dentre tantas primeiras vezes...

E eu quero estar.
Estar ao teu lado.
Cuidar e me preocupar contigo.
Isso basta para quem esteve tão perto de alguém como você.

Só precisa ser você ali.

E se isto lhe bastar, quando voltar, teu beijo, teus lábios.
É o que irá me dizer.
É o que me confirmará.
Que também comigo quer estar...

Estarei esperando esta decisão vinda de teus lábios.

Estarei lá quando você voltar.

Não importa a hora morena.

Eu vou estar lá.

(Allan Wagner, 19/09/2011)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Esquecimentos...

E não há como esquecer,
e não vai esquecer de mim,
dentre todos os primeiros,
fui quem veio antes de todos,
e do que falta que eu seja,
na que falta em que você esteja,
e quando faltar algo pra mim,
seja falta pra você.

(Allan Wagner, 22:10 - 22:17, 09/01/2012)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Morena Tiê.

Minha morena,
morena Tiê,
sou duas vezes eu,
e quase três vezes você.

(Allan Wagner, 20:37, 07/01/2012)

Desparecer.

E agora pra onde vai?
Pra onde vai lhe sobrar fugir?

Até agora você só viveu,
sobreviveu em sofrimento,
sentiu que o mundo era seu,
enquanto tinha outro dono.

E o que sobrou?
Pra onde você pode fugir?

Sendo pro bem, ou talvez não,
eu preciso entender,
e por isso sem perdão,
agora vou disparecer.

E agora então?
E pro amanhã o que vai sobrar?

Pode fazer isso então,
não deixar de ser você,
e se tratar de invenção,
vou desaparecer.

(Allan Wagner, 19:40 - 19:49, 07/01/2012)