quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Armas.

Era um grupo pequeno, quatro ou cinco no máximo, mas andavam devagar e silenciosamente. Atravessavam a passos lentos uma auto estrada, haviam carros e motos parados e semi-destruídos por todo o percurso.
Um dos integrantes chutou forte algo que parecia ser uma jante de carro e xingou alto.

- Calado, se eles nos escutarem estamos todos mortos – falou o mais baixo do grupo, aparentava seus cinquenta anos.
- Obviamente que estamos, Carlos! Você com toda sua 'experiência' disse que devíamos deixar as armas naquele maldito vagão! OK, vamos atravessar uma auto estrada a pé, durante a noite e desarmados, enquanto um bando incontável de mortos-vivos estão por aí! Muito inteligente vindo do 'Senhor Experiência'! - ralhou o que o seguia de perto, era jovem e moreno, não parecia ter mais que vinte anos.
- Calados os dois! Carlos e Ruivo! Aquelas coisas são cegas, mas, de algum modo, não são surdas! Então calem suas bocas. - disse uma jovem que seguia logo atrás, aparentava ter acabado de fazer dezoito anos. Longos cabelos ruivos e olhos castanhos, era bonita e alta, parecia uma modelo ou algo do tipo
- Você ouviram esse velho? Seguiram mesmo as ordens dele? - disse o quarto integrante, um homem elegante, de terno e gravata. Parecia ter por volta dos trinta anos – eu trouxe comigo uma das pistolas ou seja lá o que for isso – e mostrou o objeto prateado posto toscamente no cinto.
- Nossa! Eu não notei Sr. Marques! - comentou a última do grupo, uma senhora, com aparentes cinquenta, sessenta anos.
- Seu grande idiota! Essas armas serão nossa perdição! - disse o velho.
- Porque? Se essas coisas vierem para cá temos como nos defender! Melhor que esperar que eles ataquem sem que possamos fazer nada! - disse Marques olhando para as duas mulheres – pensem nisso, as primeiras a morrer serão vocês duas, Ofélia e Natalie, ninguém vai se preocupar em salvar vocês!.
- Fale por si Marques! Não tenho o interesse de abandonar ninguém aqui, a não ser você! - disse Ruivo encarando o homem bem vestido.

Um estalo seco ecoou pela auto estrada, o velho Carlos dera um soco na nuca de cada um dos rapazes. Todos se entreolharam e continuaram andando vagarosamente.
Cerca de cem metros depois encontraram uma caminhonete grande completamente aberta.

- É seguro? - perguntou Ofélia, a mais velha.
- Obviamente não – disse Marques com os longos braços cruzados.
- Se não houver nada por ali podemos entrar no carro e dormir um pouco, estamos andando a mais ou menos doze horas sem parar... desde que 'paramos' naquela lanchonete lá atrás, comemos mal e até agora não dormimos... - falou Natalie, coçando os olhos.
Bem, o cara armado é o Marques, ele vai até lá e vê se está tudo bem – sorriu Ruivo.
- Eu? Logo eu?
- Obviamente, você decidiu trazer a arma, então você é o nosso 'protetor' – brincou Carlos.

Marques deu dois passos adiante, vasculhou o veículo e nada aconteceu. Virou-se sorrindo e foi puxado violentamente para dentro do carro, deu dois tiros contra seu agressor, o som dos tiros ecoou pela auto-estrada que em poucos segundos ficou lotada de mortos-vivos.

O grupo acabava ali.

(Allan Wagner, 22:00 – 22:28, 20/10/2010)

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