Continuei ouvindo aquela respiração angustiada atravessar a parede, aquilo me assustava a cada passo.
Tudo continuava escuro, e sentia que, só por causa da situação, nada mudaria. O ar estava úmido e o fedor de algo podre parecia, a cada passo, mais forte. Minha garganta estava seca por causa do cheiro forte. Me perguntei como havia chegado ali... e pra que eu estava ali...
Apalpei as paredes, estavam úmidas e pareciam serem feitas de algum tipo de metal áspero, estavam geladas, praguejei baixinho, estava com medo que alguém indesejado ouvisse e também com raiva de mim mesmo naquela hora e não passava um segundo sem me questionar.
A respiração angustiada passou de quase inaudível pra uma respiração carregada e preocupada, estava acontecendo algo que eu talvez nem imaginasse do outro lado, a pessoa que estava lá, agora gemia baixinho, pedia ajuda, murmurava, como se estivesse há dias esperando alguém. A cada segundo era tomado, ao mesmo tempo, por medo e coragem.
Senti que alguém passou rápido do meu lado, parecia estar brincando com minha falta de visão.
O coração acelerou e comecei a suar frio, quando estava sozinho procurando, tudo bem, mas naquele momento a angustia de saber que havia mais alguém ali me assustou... topei em algo e cai pesadamente no chão, exatamente em cima de uma poça de água, porém, ela fedia demais pra ser apenas água.
Os gemidos agora eram mais fortes e altos, o barulho de algo arranhando as paredes ecoava na minha cabeça, era como se alguém estivesse tentando atravessar a parede e os passos que me assustaram estavam ainda mais próximos...
Reclamei da escuridão.
Amaldiçoei a coragem que me fez entrar nesse lugar no fim da rua.
E praguejei meus olhos, por falharem comigo desde que nasci!
(Allan Wagner, 20:42 – 20:53, 22/09/2010)
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