sexta-feira, 13 de agosto de 2010

13.

Mais exatamente sexta-feira 13.

Vinte e quatro horas de superstições intragáveis.

Espelhos tornam-se peças únicas, e pessoas torcem sincera e profundamente que os mesmos sejam peças únicas durante todo este dia.

Gatos pretos deixam de ser adoráveis bolas de pêlos escuras e viram pelotas fofinhas de arremesso, chute ou destruição desenfreada.

Escadas não são mais úteis utilitários que nos auxiliam em sair de um ponto A no solo a um ponto B ou C próximo ao céu, teto, sala 37 ou algo mais alto.

Nesse dia também, minha avó deixa de ser uma pessoa insuportável, chata, incoveniente, fofoqueira, porre e virá apenas uma bruxa de cara amarga e amarrada com uma verruga podre no nariz de batata.

Admiro-me por relembrar com tanta clareza do maldito motorista do Rio Doce/CDU que furou a parada e me fez pegar um ônibus pra cidade, me levando a esperar uma longa hora pra carregar esse pequeno, retangular e maldito cartãozinho amarelo de passagens, que me empurrou a uma corrida pra lugar nenhum ao ver que o motorista do CDU/Várzea - hoje especialmente iluminado com os dizeres CDU/Várvea - me ignorou e quase me atropelou, me deixando esperar por um de seus semelhante por mais vinte minutos.

Me faltava apenas a falta do que fazer pelo resto do dia, a falta da professora, pneu furado, fim de namoro ou semelhantes, mas fui presenteado com uma maravilhosa peça ao ar livre em frente ao CAC, minha irmã me acompanhou num almoço gorduroso mas deveras apetitoso acompanhado de um Chá Mate de Pêssego.

O resto das vinte e quatro horas foram preenchidas com uma aula que muito me interessou, um desentendimento com minha affair facilmente contornada e ajustada - palavras ditas erroneamente podem causar o Chaos e a destruição iminente de qualquer ser vivo -, uma ida preguiçosa ao trabalho e uma noite que termina em trinta e cinco minutos.

Trinta e cinco minutos para o fim de outro dia de superstições inúteis.

Agora trinta e quatro.

Em breve, Sábado, 14.

Em trinta e três minutos será outro dia cortado de um calendário que será reciclado em cinco meses.

Em breve, ninguém lembrará dessa sexta-feira 13.

Em trinta e dois minutos.

[...]

Exceto por aquele gato preto lá do início de tudo, que acabou virando bola de futebol.

(Allan Wagner, 23:23 - 23:32, 13/08/2010)

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