sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sobrevivendo - Parte Dois.

Terça-feira...

Dormi rápido ontem, por mais que eu quisesse pensar em algo, não consegui.

Acho que apaguei em menos de vinte minutos depois que acordei.

Preciso ver minhas chances de continuar vivo, rotas de fuga, armas possíveis... É. Não tenho quase nada. Chances de continuar vivo, quase zero. Rotas de fuga, pelo que dá pra ver daqui de cima, nenhuma. Armas, apenas o cano de ferro que achei lá embaixo... Ótimo, isso me anima um pouco.

Dou uma olhada pelas beiradas do prédio, mortos a norte, sul, leste e oeste... Mas achei uma pequena passagem que dá pra a avenida. É uma grade que está aberta na parte de baixo, acho que alguém forçou até conseguir abrí-la... Talvez se eu descer rápido posso fugir por ali.

Abro novamente a porta da escada de incêndio, pelos espaços na escadaria dá pra ver que não tem nenhum monstro, mas, provavelmente, quando eu derrubar a escada, o estalo vai chamar a atenção deles, talvez se conseguir pular, posso me machucar um pouco, mas pelo menos não vou fazer tanto barulho...

Acho que já e meio-dia, o Sol está no ponto mais alto do céu e minha cabeça está queimando. Por pura sorte achei a caixa d'água do prédio e já tomei pelo menos três banhos em quarenta minutos. Os mortos estão parados nas ruas, não ouvem sons e por isso não reagem, ficam lá, como estátuas que gemem. E eu já estou decidido, meu plano é simples, abro a portão da escada, escorrego a té o andar mais baixo e pulo, acho que são cinco a seis metros, a queda pode ser feia, mas só preciso 'cair direito' pra não me machucar.

É a hora.

Pelo relógio que achei jogado no telhado, são duas horas da tarde. Achei dois vasos e tive a brilhante idéia de jogá-los bem longe, o som deles se espatifando no chão vai chamar a atenção 'deles'. Mas pelo que vejo, chamou a atenção de muitos deles... Hordas infinitas parecem cruzar a avenida, incontáveis! Acredito que mais de cinco mil desses monstros estão cruzando minha visão, com certeza!

São quatro horas da tarde. E a minha idéia com os vasos apenas piorou minha situação... Antes, podia ver apenas alguns deles na avenida e milhares ao horizonte, e agora é o oposto. Há milhares deles nas avenida bem abaixo de mim e nenhum no horizonte... Não acredito que o socorro esteja lá. Provavelmente é apenas uma gravação. Só isso. Não sei mais o que fazer. Estou sozinho e sinto como se fosse o último ser humano vivo na face da Terra...

Acho que a queda daqui pode me matar. Mas se não puder? Vou ser devorado enquanto agonizo? Deus... Não, Deus não tem nada a ver com isso... Deus... ele apenas não existe... Mais do que nunca, agora eu sei, Ele não existe...

Não posso desistir agora, não... Mas não há ninguém me esperando, ninguém chorando por minha falta... Ninguém...

Levanto. Não é hora pra dar uma de maluco e ficar devaneando pensamentos! É hora de sair daqui, sair vivo de preferência! O outro prédio. Não tem ninguém no telhado. Talvez se eu me esforçar consiga pular pra lá... acho que são uns três ou quatro metros de distância... Não mais... Vamos lá...

Pulei... Mas é longe demais... Eu não vou conseguir.

(Allan Wagner, 11:51 - 12:27, 24/01/2011)

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