quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobrevivendo - Parte Um.

Segunda-feira...

As ruas estavam tomadas por aqueles monstros, e eu preso dentro do meu apartamento. Por dois dias via pelo olho mágico as pessoas zanzando pelo corredores, meu silêncio valia ouro aquele momento. Durante toda a noite fiquei ouvindo o rádio no canto do meu quarto pra que nenhum daqueles monstros me ouvisse. Por volta das nove da noite ouvi um sinal, alguém dizia que havia sobreviventes, estavam todos no Hospital Geral da cidade, havia tanques, helicópteros, todos esperando por sobreviventes, estariam lá até o fim da semana, esperando.

Me senti animado novamente. Desde o início dessa infecção - há duas semanas - não saio de casa, mesmo quando os mortos não haviam aparecido na cidade não queria sair da casa. Pedi a um vizinho que comprasse tudo pra mim... Agora só tenho alguns pães, pouca carne e alguns enlatados nos armários e geladeira... mas sei que em breve a energia também vai acabar, e essa notícia me renovou as esperanças.

Passei a noite pensando em saber se essa coisas são cegos ou surdos. Não acredito que essas coisas mantenham todas as funções normais de um ser humano.

Dez da manhã de segunda-feira. Peguei uma mochila leve e coloquei tudo o que podia, mas sem abarrotá-la. Biscoitos, sucos, algumas frutas e água, pelo menos quatro garrafas d'água. Abri um pouco a porta da frente, dois deles, um em cada lado. Enrolei uma toalha velha e joguei na frente de um deles, mas ele não esboçou nenhuma reação.

Ótimo, significa que eles são cegos. Espero.

Molhei um calção sem uso e joguei com toda força no fim do corredor, seu estalo ecoou e os dois monstros seguiram na direção do som. Tudo bem agora, mas preciso pensar em como vou sair e pr'onde vou, não quero virar comida de zumbi.

Mais meia hora e fiz novamente o ritual, joguei a toalha molhada, então segui pro lado oposto a eles, o lado da escada. Achei um cano jogado no chão, pelo visto tinha mais alguém por aqui e decidiu pelo mesmo caminho que eu.

O cano parece ser de aço, metal, sei lá, mas é pesado o suficiente pra esmagar uma cabeça. Sigo pelo corredor, acho que fiz barulho ao erguer o cano, aquelas coisas viraram e estão vindo na minha direção. Merda! Viro o corredor e vejo que tem mais uns quatro deles...

A janela que leva a escada da saída de incêndio é logo atrás do terceiro... Vasculho rápido e acho uma pedra, espero ter boa pontaria... Acerto a janela atrás do último da fileira, e eles seguem na direção do barulho.

Pulo rápido pra fora, a escada de incêndio parece intacta, acho que nenhuma dessas coisas subiu por ela... Subo até o teto, ninguém. Alguns corpos dilacerados apodrecem com o Sol, o cheiro me faz vomitar automaticamente. Ponho um lenço velho no rosto e empurro os corpos pelas beiras do teto. Fecho o portão da escada de incêndio e dou uma olhada em volta...

Uma legião de mortos toma as ruas, cem, duzentos, talvez mil... Não dá pra contar, alguns prédios e casas estão em chamas. Não vejo sobreviventes sobre os prédios, nem carros, motos, nada... OK, agora aquela pequena ponta de esperança , ínfima, agora sumiu...

Sento em algum lugar protegido do Sol e penso... Durmo... Quando acordo já é noite... ouço os gemidos dos monstros lá embaixo, hora de preparar qualquer coisa pra me tirar daqui...

(Allan Wagner, 11:02 - 12:12, 05/01/2011)

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