sábado, 3 de janeiro de 2015

Relatos de assombrações passadas.

É sob a primeira Lua cheia do ano que eu volto a ser assombrado. Um sonho antigo, um mesmo sonho que já se repetiu anos atrás. Há 14 anos atrás mais exatamente (não que o dia seja exatamente esse), aos meus 13 anos, sonhei com ela pela primeira vez.

Eu morava numa casa com piscina, quadra, tinha uma vida boa e criatividade sobrando.

Então ela veio. Não era fácil esquecer o rosto longo, nariz redondinho e arrebitado, sorriso largo e olhos castanhos enormes. Cabelos pintados de um vermelho escuro, longos e cacheados. E não esqueça das tatuagens. Debaixo d'água ela me puxou pelos ombros, me roubou um beijo e emergiu, me puxando consigo. Então ela sorria e eu? Acordava.

Depois disso, ela sumiu e eu me apaixonava pela primeira vez. Uma paixão que você pode julgar boba, adolescente... mas depois disso, o sonho, ela voltou. 7 anos. Ela estava lá, voltava a meus sonhos e logo após um fim de semana ao lado de meus bons amigos, numa casa de praia. E sim, o lugar tinha piscina.

O mesmo rosto longo, nariz arredondado, arrebitado, o sorriso largo e olhos castanhos brilhantes. Ruiva, cabelos longos e cacheados, mas não aqueles cachinhos pequenos, mas longos cachos dançando debaixo d'água. Tatuagens. Novamente embaixo d'água me puxou pelos ombros, me roubou um beijo e emergiu me puxando consigo. Mas a piscina era a mesma da minha antiga casa, o sonho era o mesmo, o lugar, tudo era igual. Então eu sorria e acordava.

Ela sumia e eu entrava no mais profundo e verdadeiro relacionamento da minha vida. Um amor sem precedentes e covarde diante da perda. Que se arrastou, se machucou e morreu de um dos lados, e no fim, só um deles ficou de pé, sofrendo.

Então ela retornou ontem a noite. E isso me causou um certo medo... foram os mesmos olhos, cabelos, sorriso, beijo, emergir, acordar. No mesmo cenário, mais uma vez, 14 anos e tudo ainda estava lá, em seu devido lugar.


Por que? Pra que? Quem?


Sozinho, sem motivos pra procurar nem se deixar ser visto, pra que ela invadiu minha cabeça de novo? Agora que já não tenho os pés pra caminhar. E nem o coração pra suportar.





(Allan Chaves, 18:55 - 19:17, 03/01/2015)

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