segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Irmão Tempo.

Muito bem tempo, então nos encontramos como tantas vezes já fizemos.
Muito bom tempo, espero que não esteja esperando tanto como da última vez.
E quer saber os motivos, velho companheiro?
Te dou vários, e todos eles, completamente opostos ao que você queria.
Sim, tempo, eu não acredito mais nas esperanças de um futuro brilhante.
Passei tanto por você sem buscar nada, apenas buscando me entender, que no fim...
No fim, eu não conquistei nada de real. De físico, de sólido.
Nada do que as pessoas me mostraram ser o segredo de uma vida plena.
Dinheiro no bolso, uma boa carreira e amor no coração.
E falando no falso do seu irmão, o amor, ah, o amor.
Tempo, meu amigo, passei demais ao seu lado tentando arrumar uma companhia.
E no final de tudo, me tornei amargo, me tornei triste. E venho decidindo me tornar sozinho.
Não acredito mais no seu irmão, o amor, amigo tempo.
Pois ele brincou comigo, me trazia presentes, e os levava de capricho.
Mas acima de tudo amigo, ele me mostrou como era ser igual a ele.
Mostrou que não se resumia ao sexo, que não se resumia a beijos e abraços.
O amor me mostrou que pra entendê-lo, era necessário companheirismo, de irmão.
Então, não tão tarde, ele fugiu de mim, escapou por entre os dedos, me fez sofrer.
E você viu amigo tempo, você estava comigo pra cada lagrima que escorria.
Pra cada segundo que não passava, pra cada dor que se acumulava.
Amigo tempo, hoje não sei se devo ser teu amigo, ou se devo tentar evitá-lo.
Como se fosse possível tal feito.
Mas no fim, começo a querer odiá-lo, como odeio teu irmão, como odeio teu pai, o destino.
Como aprendi a odiar tudo o que me trazes, pois sempre me trazes com prazos de validade.
E meu prazo parece estar chegando.
E queria que fizesses um favor.
Rápido.
Indolor.
Amigo tempo, se me queres feliz, se me queres sorrindo.
Faz-me parte de tua essência. Esse mínimo senso de decência.
Me leva contigo irmão tempo, e me poupa de todo o resto.
Pois é o que me resta nessa vida.
Os restos. Sejam teus ou meus.
Me leva irmão tempo.
Pois estou cansado de deixar, a mãe vida me levar.

(Allan Chaves, 22:21-22:53, 14/09/2015)

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