quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pudera.

Aprendi com o tempo que a raiva me leva ao esquecimento.

E aprendi a te odiar.

Odiar cada curva do seu corpo, do sinal no umbigo, as costas marcadas de ttabalho.

Ter asco do teu cheiro que ainda permeia minha cama ao anoitecer e teu hálito que empesteia meu ar pelas manhãs.

Repudiar cada uma das datas que tanto ama, que tanto te fazem sorrir, que tanto te fazem feliz.

Odiar cada grão de areia de cada praia que já pisei. E odeio o mar, dos golfinhos aos tubarões, dos corais às sereias.

Não suportar danças, nem salões lotados, nem pé de serra, odeio tua cidade e cada morador de lá.

Eu te odeio tão intensamente, que não caberia aqui falar.

E te odiar talvez seja minha única maneira de admitir.

E do ódio vem a única maneira de suportar tanta dor, tanta perda.

Te transformar num fantasma, num vilão de minha vida, pra culpar alguém que não eu, para entender que nunca fiz nada de errado.

Aprendi a te odiar com tanta força que hoje já não sei se o que me abastece de lágrimas é a luz das saudades, a dor do arrependimento, ou a treva que alimento com tanto prazer de viver sozinho.

(Allan Chaves, 00:27 - 00:59, 12/06/2015)

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